quarta-feira, 9 de junho de 2010

E ali, presente, o Nada.

A praça estava praticamente vazia. O vento uivava por entre as poucas folhas que restavam nas árvores. As demais estavam colorindo o chão de um alaranjado doentio. Era fim de tarde; o sol já estava se pondo. O que ainda se podia ver eram seus últimos raios fraquejantes, que escapavam além das colinas. Ah, as colinas. Elas compunham o pano de fundo daquela cena nostálgica, onde eu podia quase sentir o cheiro do algodão doce de anos atrás. Ainda havia a mesma placa com a inscrição "Não pise na grama". Agora ela pendia para um dos lados, decadente. Os bancos estavam velhos, mas ainda graciosos. Pude fechar os olhos e voltar à cena de meu primeiro encontro com Timóteo. Mãos trêmulas, olhar apaixonado, medo de um futuro não muito distante. Voltando à realidade, lembrei que o mesmo rapaz, que andava com um terno branco galante, jazia em algum túmulo com vestes negras. O cheiro de algodão doce ainda penetrava em minhas narinas. Mas o Joaquim não estava lá. Seu filho continuara com o negócio durante alguns anos. Mas não havia mais vendedores de algodão doce naquele lugar. Não havia mais os pássaros cantadores que formavam a perfeita sinfonia das manhãs de domingo. Tudo parecia sem vida. Tudo parecia sem cor, não fosse o chão coberto pelas folhas mortas. O sol já havia se posto, e os poucos transeuntes já haviam partido. Me vi completamente só, acompanhada somente pelas minhas lembranças. O passado tinha se tornado minha melhor companhia. Permaneci naquele lugar falido, observando uma beleza existente apenas em minhas memórias.

2 comentários:

Leonardo disse...

e quem escreve com tanta pressa é porque precisa desacelerar a cabeça e o coração.

Fernanda Paiva disse...

Talvez sim, Leo.
Talvez sim.

:)

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Sou toda ouvidos.