terça-feira, 8 de junho de 2010

Passos

Andou lentamente em direção ao seu apartamento, com todas as palavras ainda ecoando em sua cabeça. Olhava para baixo, para o piso de pedras cinzas. Percebeu um pequeno vulto branco, que julgou ser um roedor da noite. Não teve medo: sua atenção estava muito voltada para cada passo que dava. Quantos teriam sido? Uns 40? 50? Não sabia. Mas andava tão lentamente... a ponto de perceber o chão sob seus pés, como nunca havia feito.

Pensou que na vida as coisas são assim. Pisamos às vezes sem perceber. Não sabia que passos daria dali para em diante. Mas de uma coisa estava convicta: em cada passo, tentaria perceber o chão; não importando se ele fosse de pedras, de areia, liso, enrugado, duro, quente, frio ou gelado. Isso é (e ela sabia disso) imprevisível.

4 comentários:

Anônimo disse...

Uma pergunta: para que andar se você pode voar? Tentativa de se sentir igual?

Deus abençoe as diferenças no universo psicológico dessa montanha-russa!

Está lindo, bem cinematográfico.

F. Lobo

Fernanda Paiva disse...

Voando a gente mergulha num doce universo onírico, e assim acaba esquecendo o que está gritando ao nosso redor... Palavra de quem entende da coisa porque vive "flutuando" :) Hahahaha.

E você está devendo os vídeos dos textos!

Ana Karenina disse...

Sim, quisera encontrar na terra o que o céu nos oferece.
Mas, aí então, a quê ficará relegado o céu?
Não será nada. Deixai o céu com sua beleza particular e a Terra como castigo para quem não pode alcançá-lo.
Gosto da sua simplicidade e espontaneidade, Nandinha. No entanto, será que um dia verei uma intensidade daquelas nos seus textos?

Fernanda Paiva disse...

Nina, sempre bom te ver por aqui...
Cada texto desse blog sou eu, revelada e despedaçada em cada letra. É o que vivo, o que sinto; com um quê de poesia para não expor demais. Certamente encontrará, quando os momentos mais intensos gritarem tanto dentro de mim que eu precise lançá-los aqui.

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